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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

COM ESTE SALÁRIO NÃO É POSSIVEL VESTIR ESTA FARDA

Política 25/11/2009 03h37min

Sua Segurança: greve, palavra proibida na BM
Por implicar cadeia, sanções disciplinares e prejuízos na carreira, militares dificilmente irão paralisar
Humberto Trezzi humberto.trezzi@zerohora.com.br
O “estado de greve” propalado por entidades sindicais de PMs é uma expressão forte, para galvanizar a base da categoria. Ajuda a assustar o governo, mas não há clima para paralisação total na Brigada Militar. Uma das razões está na origem da corporação. Aos militares é vetada a greve. Logo, cruzar os braços significa cadeia, castigos disciplinares, transferências para lugares longínquos, boicote nas listas de promoções.

Por isso, líder sindical algum afirma que haverá paralisação a partir de 11 de dezembro, quando devem ir à votação os projetos salariais do governo. Greve de militar é complicada para quem organiza porque resulta em prisão. Ontem, a mobilização na Assembléia Legislativa foi feita por PMs de folga. Uma parte fardada, mas fora de serviço. Eles sabem que agito durante o trabalho é cadeia certa. O simples ato de usarem farda numa manifestação pode ser enquadrado como infração disciplinar.

A segunda razão pela qual a greve na BM é improvável é que os policiais estão divididos. Os soldados, pelo projeto de Yeda Crusius, ganham substancial reajuste, com o soldo passando dos R$ 1.007 no início do governo para cerca de R$ 1,2 mil mensais. Talvez até deixe de ser o mais baixo salário de PMs no país. É pouco provável que esse pessoal cruze os braços.

Os policiais querem mais dinheiro do que baderna

Entre sargentos e tenentes é grande a insatisfação, já que eles não tiveram um salto no reajuste. Isso se agrava pelo fato de que a contribuição previdenciária deles passará de 7% para 11% pelo projeto do governo.

– Em alguns casos, a nova contribuição vai rebaixar o reajuste – explica Leonel Lucas, representante de cabos (posto em extinção) e soldados.

Decisiva para que a greve acontecesse seria a participação de oficiais. E isso não vai acontecer, apesar de alguns tenentes e capitães terem comparecido ontem nos atos majoritariamente integrados por soldados e sargentos. O oficialato está satisfeito com os reajustes. Tanto que a Associação de Oficiais (Asof) não participa do movimento paredista. O presidente da Asof, coronel Jorge Braga, diz que a entidade apoia os três projetos de reajuste enviados pela governadora ao Legislativo:

– Somos contra a mudança na contribuição previdenciária, mas isso pode ser resolvido com diálogo.

Apesar de representarem menos de 10% do efetivo da BM, os oficiais são líderes, a serem seguidos pela massa. Além disso, o governo conta com pelo menos três batalhões de Operações Especiais (BOEs). São cerca de 2 mil homens, cuja missão inclui prender outros policiais. Até pela natureza do seu trabalho, não vão fazer greve. Apesar do esforço de colegas, como o de ontem, quando centenas de PMs do Interior e da Grande Porto Alegre se enfileiraram no protesto no Legislativo. A caravana foi patrocinada pelas associações de cabos e soldados (Abamf) e de subtenentes e sargentos (ASS).

E qual a motivação político-partidária dos PMs? Quase nenhuma. A participação de partidos nos movimentos sindicais das PMs é tímida. Entre soldados e sargentos, o espectro das simpatias políticas vai da esquerda à direita. Há lideranças sindicais flertando com o PP e com o PT, mas cujo partido maior é mesmo a BM. Já entre os oficiais é nítida a simpatia por partidos de direita. Basta lembrar que aquele que foi presidente da Asof por mais tempo, o ainda influente coronel Cairo Camargo, era filiado ao DEM.

Os policiais querem muito mais dinheiro do que baderna. O projeto é salarial, não político. Assim, é pouco provável que ocorra qualquer greve.

O movimento de 1997

Julho de 1997 foi o mês da primeira assembleia, da primeira passeata e do primeiro piquete convocando greve na Brigada Militar, na mais que centenária história da instituição. Antes disso, só uma simbólica greve de fome desencadeada por oito solitários PMs em 1992, sem resultado.

Uma passeata reuniu milhares de PMs em frente ao Palácio Piratini. Na hora H, os milhares de policiais que faziam manifestações pelas ruas driblaram as ordens de prisão emitidas pelo comando, decretando que estavam “em assembleia permanente”.

– A greve está fora do nosso dicionário, mas temos outras formas de mobilização – declarou na época, entre risos, Pedro Dias de Moraes, então presidente da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho (Abamf), a entidade de cabos e soldados.

Os PMs fizeram uma operação-padrão. Iam aos locais de trabalho, mas pouco trabalhavam. Pegavam os veículos, mas não patrulhavam. O Estado viveu dias de intranquilidade.

A “assembleia permanente”, eufemismo para greve, durou dois dias, entre 22 e 24 de julho. A categoria aceitou reajuste proposto pelo governo Antonio Britto (50% no risco de vida para sargentos, abonos para cabos e soldados) e voltou ao trabalho.

O movimento paredista se alastrou pelo Brasil. Acostumados a reprimir manifestações populares, PMs saíram às ruas de todo o país para reivindicar melhores salários.

Em Belo Horizonte, o cabo PM Valério dos Santos Oliveira, 35 anos, morreu baleado na cabeça durante manifestação na Praça da Liberdade, no dia 24 de junho. Em Maceió, também em junho, houve troca de tiros e cinco pessoas ficaram feridas. Em Pernambuco, onde chegaram a ocorrer prisões de líderes do movimento, os PMs suspenderam a greve.

Ocorreram também greves parciais em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Pará. A situação mais crítica ocorreu em Alagoas. A Assembleia Legislativa foi cercada por 15 mil PMs e servidores. Houve conflito com 250 soldados do Exército e cinco pessoas acabaram feridas. Os policiais fizeram mais de 20 dias de greve.
COMENTÁRIO DO BLOGISTA

Humberto trezzi - Brilhante repórter da ZERO HORA, demonstra ter conhecimento históricos das Policiais Militares do Brasil, faz um otimo comentário, mais é parcial, qdo coloca as expressões de direita, ameaçando com prisões pelos batalhões de operações especial aos demais colegas da corporação, uma infelicidade a toda prova, senhor repórter este pacote não agradou só os brigadianos, os funcionários públicos estaduais estão todos mobilizados, descontentes. Ferir o regulamento da Brigada Militar não é nossa intenção, mais dialogo sim, coisa que este governo não faz com seus funcionários. Onde esta o General Goularte - Secretário de Segurança, Cmt Geral, cargos políticos e de confiança do Governo e não da sua tropa.
Vá e le os projetos, procure alguem da classe para lhe assessorar.

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