Aulas de 3,8 mil policiais começam com um festival de carências
Parte dos alunos não tem camas, armários, uniformes e material didático
Humberto Trezzi humberto.trezzi@zerohora.com.br
A boa notícia dada pela governadora Yeda Crusius à população gaúcha, a inclusão de 3,8 mil PMs, tem um preço: virou de pernas para o ar a metódica e espartana Brigada Militar.
As aulas destes milhares de recrutas da BM começaram com um festival de carências. Parte dos alunos não tem camas e dorme em colchões estendidos no chão. Como os uniformes ainda não chegaram, eles usam apenas uma camiseta e um boné para se diferenciar dos civis. O material didático ainda não foi distribuído, não existem armários em quantidade suficiente e as refeições, no momento, são custeadas pelo próprio aluno.
– Nos deram pão com molho no primeiro dia. Isso depois de ficar seis horas no sol, entre a espera pela governadora e os discursos. A janta tivemos de providenciar, com nosso dinheiro – diz um jovem de 25 anos, designado para o Batalhão de Operações Especiais (BOE).
O correto seria que os recrutas recebessem uma “etapa” (verba) para refeições equivalente a R$ 180 mensais, além de ajuda de custo de cerca de R$ 600 (que funciona como soldo do aluno). Como esse dinheiro ainda não foi distribuído, os jovens pretendentes ao posto de soldado têm de bancar suas refeições. Os mais abastados pagam R$ 7 num bufete livre. Os menos abonados vão de cheeseburger, a R$ 3. Um trailer montado ao lado da Academia da Brigada Militar, nas proximidades da Avenida Aparício Borges, em Porto Alegre, vendeu 250 “xis” no dia da chegada dos recrutas. O normal é menos de 100. A promessa da BM é que a verba para refeições virá em breve.
O setor de Logística da BM está atarantado de encomendas de armários, mas não dá conta. O resultado é que alguns recrutas não têm onde guardar as roupas e tampouco onde lavá-las. O banho é outro problema, já que a maioria dos quartéis não estava preparada para receber uma avalanche de novos ocupantes.
Sim, quartéis. O usual é que os recrutas recebam aulas nas escolas técnicas da BM montadas em Santa Maria, Montenegro e Osório, além do prédio da Academia da BM na Capital (originalmente destinado a oficiais). Juntos, esses locais têm capacidade para cerca de mil ocupantes e a média de alunos por semestre, na BM, tem sido de pouco mais de 300. Agora despencaram 3,8 mil novatos. O resultado é que as sedes dos batalhões tiveram de receber novo pessoal, sem que tenham sido capacitados.
– Meu quartel tem seis banheiros, com capacidade para 50 soldados. Da noite para o dia recebemos 120 alunos e agora é um aperto na hora do banho – resume um oficial de um dos batalhões da Capital.
Comandante da BM admite falhas no começo das aulas
Uma das saídas elaboradas pela BM é mandar para casa, à noite, os alunos que são da própria cidade. Os demais ficam no quartel, em regime de internato. Como faltam vagas nos batalhões, foram requisitados prédios de universidades (em Taquara e Gravataí) e até um antigo seminário (que abriga alunos do 21º BPM, do bairro Restinga, na Capital). De qualquer forma, os alunos não reclamam muito.
– Já sabia que seria ralação. Escolhi ser PM para ter um emprego seguro. Fui do Exército antes, nada me assusta – resume um aluno oriundo de Alegrete, que era comerciário e está designado para servir na Restinga, em Porto Alegre.
O comandante da BM, coronel João Carlos Trindade Lopes, reconhece alguns “improvisos” nesse começo de aglutinação de novos recrutas.
– Há duas décadas não tínhamos uma turma tão grande de alunos. Natural que haja alguma confusão, mas vamos sanar tudo nos próximos dias.
Os uniformes já foram comprados e serão distribuídos em breve, assegura Trindade. Os alunos serão reembolsados pelas refeições pagas, camas para todos estão chegando, bem como armários. O mais difícil de conseguir, agora, é chuveiros. Mas, “diante da grandeza de colocar 4 mil novos PMs na rua”, até que não está ruim, conclui o comandante da BM.
ZERO HORA
Parte dos alunos não tem camas, armários, uniformes e material didático
Humberto Trezzi humberto.trezzi@zerohora.com.br
A boa notícia dada pela governadora Yeda Crusius à população gaúcha, a inclusão de 3,8 mil PMs, tem um preço: virou de pernas para o ar a metódica e espartana Brigada Militar.
As aulas destes milhares de recrutas da BM começaram com um festival de carências. Parte dos alunos não tem camas e dorme em colchões estendidos no chão. Como os uniformes ainda não chegaram, eles usam apenas uma camiseta e um boné para se diferenciar dos civis. O material didático ainda não foi distribuído, não existem armários em quantidade suficiente e as refeições, no momento, são custeadas pelo próprio aluno.
– Nos deram pão com molho no primeiro dia. Isso depois de ficar seis horas no sol, entre a espera pela governadora e os discursos. A janta tivemos de providenciar, com nosso dinheiro – diz um jovem de 25 anos, designado para o Batalhão de Operações Especiais (BOE).
O correto seria que os recrutas recebessem uma “etapa” (verba) para refeições equivalente a R$ 180 mensais, além de ajuda de custo de cerca de R$ 600 (que funciona como soldo do aluno). Como esse dinheiro ainda não foi distribuído, os jovens pretendentes ao posto de soldado têm de bancar suas refeições. Os mais abastados pagam R$ 7 num bufete livre. Os menos abonados vão de cheeseburger, a R$ 3. Um trailer montado ao lado da Academia da Brigada Militar, nas proximidades da Avenida Aparício Borges, em Porto Alegre, vendeu 250 “xis” no dia da chegada dos recrutas. O normal é menos de 100. A promessa da BM é que a verba para refeições virá em breve.
O setor de Logística da BM está atarantado de encomendas de armários, mas não dá conta. O resultado é que alguns recrutas não têm onde guardar as roupas e tampouco onde lavá-las. O banho é outro problema, já que a maioria dos quartéis não estava preparada para receber uma avalanche de novos ocupantes.
Sim, quartéis. O usual é que os recrutas recebam aulas nas escolas técnicas da BM montadas em Santa Maria, Montenegro e Osório, além do prédio da Academia da BM na Capital (originalmente destinado a oficiais). Juntos, esses locais têm capacidade para cerca de mil ocupantes e a média de alunos por semestre, na BM, tem sido de pouco mais de 300. Agora despencaram 3,8 mil novatos. O resultado é que as sedes dos batalhões tiveram de receber novo pessoal, sem que tenham sido capacitados.
– Meu quartel tem seis banheiros, com capacidade para 50 soldados. Da noite para o dia recebemos 120 alunos e agora é um aperto na hora do banho – resume um oficial de um dos batalhões da Capital.
Comandante da BM admite falhas no começo das aulas
Uma das saídas elaboradas pela BM é mandar para casa, à noite, os alunos que são da própria cidade. Os demais ficam no quartel, em regime de internato. Como faltam vagas nos batalhões, foram requisitados prédios de universidades (em Taquara e Gravataí) e até um antigo seminário (que abriga alunos do 21º BPM, do bairro Restinga, na Capital). De qualquer forma, os alunos não reclamam muito.
– Já sabia que seria ralação. Escolhi ser PM para ter um emprego seguro. Fui do Exército antes, nada me assusta – resume um aluno oriundo de Alegrete, que era comerciário e está designado para servir na Restinga, em Porto Alegre.
O comandante da BM, coronel João Carlos Trindade Lopes, reconhece alguns “improvisos” nesse começo de aglutinação de novos recrutas.
– Há duas décadas não tínhamos uma turma tão grande de alunos. Natural que haja alguma confusão, mas vamos sanar tudo nos próximos dias.
Os uniformes já foram comprados e serão distribuídos em breve, assegura Trindade. Os alunos serão reembolsados pelas refeições pagas, camas para todos estão chegando, bem como armários. O mais difícil de conseguir, agora, é chuveiros. Mas, “diante da grandeza de colocar 4 mil novos PMs na rua”, até que não está ruim, conclui o comandante da BM.
ZERO HORA
MINHA INDIGNAÇÃO
Isto, pra mim que sou da Gloriosa Brigada Militar, é um ato de vandalismo com a nossa corporação, desmonte de tudo aquilo que foi feito no decorrer dos anos, onde esta a associação do ex Cmt Gerais da BM, os senhores tem uma responsabilidade de não deixar denegrir a imagem de uma corporação como a nossa ou é só pra manter a imagem de ex cmt gerais pra midia, vão deixar as coisas acontecer e nada vão fazer, chega vamos dar um basta nesse período de incompetência.
Lá estão os nossos filhos atirados ao léu, sendo usados como massa de manobra do governo, como a gente vê ai, sem pátria, sem lenço e documentos, só faltam invadir e depredar propriedades, sem alojamento, sem refeitórios, sem material didatico, sem nada.
Que de os direitos humanos, ué quando os ditos movimentos sociais enfrentam a BM, eles estão na midia defendendo porque agora não estamos vendo essa gente.
Pessoal estes jovem que lá estão são filhos da Comunidade do Rio Grande, são jovem gaúchos em busca de um futuro, veja só o que a Brigada Militar e este Governo lhe apresenta, qual é a imagem que este jovem tem da Corporação Brigada Militar, é uma vergonha.
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