Policiais paralisam hoje contra aprovação de PEC
Policiais federais e civis de todo o País fazem hoje um movimento de paralisação para pressionar o Congresso e o governo contra a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC), que prevê a criação de uma carreira jurídica para delegados. Sugerida inicialmente pela Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), o movimento ganhou a adesão da Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis e, segundo estimativas dos dirigentes, deve envolver mais de 300 mil policiais que cruzarão os braços em todos os Estados. Em Brasília, uma manifestação em frente à sede da Polícia Federal, marca o fim da trégua entre os sindicatos e o diretor da PF, Luiz Fernando Corrêa.
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"Queremos um novo modelo de polícia e de investigação", diz o presidente da Fenapef, Marcos Vinicius Wink. Segundo ele, a pauta de reivindicações da entidade inclui a estruturação da carreira única para os policiais e o arquivamento definitivo da PEC 549. Os agentes acham que a medida amplia o fosso salarial e funcional entre delegados e demais servidores. Eles querem que os delegados formem uma casta e acham que as promoções internas devem ocorrer pelo mérito do policial.
Policiais civis e federais prometem atender hoje apenas os casos de emergência, prisões em flagrante ou chamados de socorro que não possam ser protelados. Na Polícia Federal será suspenso todo serviço de atendimento ao público, como interrogatórios, concessão de porte de arma, atendimento a estrangeiros, controle de empresas de vigilância, bancos e produtos químicos, emissão de passaportes (concedidos somente em casos emergenciais). A categoria manterá apenas os plantões e custódia de presos. No Rio Grande do Sul já estão confirmadas operações-padrões no aeroporto e nas fronteiras.
A paralisação de hoje, segundo Wink, marca o início de uma jornada de luta dos policias em busca de mudanças radicais no sistema de segurança brasileiro. Além da carreira única, os federais querem o fim do inquérito policial e a implantação de um novo método de investigação. Eles acham carreira estruturada valoriza o mérito, permitindo que os policiais cresçam na corporação conforme com a capacidade e a atuação, podendo exercer cargos de comando hoje restrito aos delegados.
Outro ponto em debate é a desburocratização, dando prioridade à investigação e não às atividades de cartório, como funcionam atualmente as polícias judiciárias no Brasil. "É preciso aperfeiçoar os policiais com técnicas inspiradas em uma ciência voltada para a atividade policial. No Brasil, a polícia judiciária se inspira no direito, no bacharelismo jurídico que não colabora em nada com sua atividade fim", diz o presidente da Fenapef. O movimento deve expor a crise entre as categorias policiais.
JB Online - Retirado do Jornal O Globo
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