PARTICIPE DE UM DESTES CURSOS - FAÇA JA SUA INSCRIÇÃO

terça-feira, 21 de outubro de 2008

ENTREVISTA DO CEL MENDES - CMT GERAL DA BRIGADA MILITAR

"Adriana Irion adriana.irion@zerohora.com.br
A atuação do comandante-geral da Brigada Militar, coronel Paulo Roberto Mendes, na Marcha do Sem, na Praça da Matriz, na quinta-feira, foi apontada por manifestantes como responsável pelo tumulto que resultou em pessoas feridas. PMs também consideraram a ação do comandante como interferência indevida no trabalho de oficiais. Mendes garante que não vê reações dentro da corporação e sustenta que, na sua gestão, a Brigada não será desmoralizada em ocorrências. A ordem é evitar bloqueios de espaços e prédios públicos. O oficial também admite saber que se tornou alvo da oposição, mas ressalta: não tem medo. Ontem, Mendes conversou com Zero Hora sobre os incidentes da quinta-feira, quando a Brigada desobstruiu, após enfrentamento, a frente de uma agência do Banrisul e o Piratini, e sobre o fato de praças e oficiais terem criticado a atuação dele. Zero Hora — Como o senhor se sente sabendo que há desconforto na tropa devido a sua interferência em ocorrências, como a de quinta-feira, na Praça da Matriz? Coronel Paulo Roberto Mendes — Todos contatos que tive com oficiais e praças mostram o contrário. Eu sempre procuro ser um igual, um deles, tanto é que sempre estou junto, em todos os momentos, os difíceis e os bons. ZH — O senhor abre espaço para diálogo quando chega nas operações? Mendes — Pegamos o grupo de oficiais que está comandando e conversamos sobre o que é melhor. Sempre há troca de opiniões, porque ninguém tem a verdade. ZH — Há quem avalie que o tumulto na Praça da Matriz só ocorreu porque o senhor deu ordem para bloquear o carro de som, que tradicionalmente vai até aquele local. Como o senhor vê isso? Mendes — Enviamos nota oficial para o Movimento dos Sem chamando a atenção para a questão da prevenção, para evitar o conflito, porque as conversas que chegavam até nós eram falas agressivas. Na quinta-feira, soube do bloqueio do Banrisul. Qual é a orientação clara hoje? Não tem bloqueio em prédio público. Querem fazer manifestação, tudo bem, mas sem bloqueio. ZH — É uma orientação do governo? Mendes — É uma orientação da Brigada, desde janeiro do ano passado. Então, mandei uma guarnição lá (agência central do Banrisul). Quando cheguei lá, o incidente já tinha ocorrido, e a situação estava controlada, com o banco aberto. Segundo me relataram, os brigadianos chegaram lá e mandaram desobstruir. Eles não quiseram, a Brigada entrou. De tarde fui ao Centro Administrativo, onde estavam concentrados funcionários públicos. Muitas ofensas ao governo e a mim, mas eles não entraram. Depois, se juntaram duas ou três colunas em direção à Praça da Matriz. Um contingente enorme e nós estávamos com efetivo grande. ZH — O senhor não teme que seu perfil de enfrentamento seja aproveitado em manifestações para criar conflitos? Mendes — Sim, tenho muita preocupação. Me parece que é claro que é isso que querem e operacionalizaram nessa última (quinta-feira). Tanto é que imediatamente eles me buscam. ZH — Como o senhor vai contornar isso em ocorrências futuras, vai deixar de comparecer? Mendes — Eu não posso dar demonstração de que tenho medo. Eu não tenho medo. Eu sou o comandante da Brigada. Eu espero que essa conduta agressiva cesse. Ou então vamos permitir a baderna no Estado? Enquanto eu for comandante, não vou deixar. ZH — Não há maneira de tirar manifestantes da frente de um prédio sem agredir? Mendes — Nós somos contra a violência. Mas pelo relato que tenho chegaram lá quatro ou cinco policiais e pediram para eles saírem, eles não quiseram sair. Veio reforço e houve enfrentamento. Tem fotos que mostram que eles tinham taquaras, paus. ZH — O senhor define sua gestão como a de uma conduta pró-ativa. Que resultados podem ser apresentados? Mais prisões? Mendes — Já chegamos a 100 mil prisões este ano (eram 100,4 mil até domingo). Em 2006, foram 33 mil e, no ano passado, 70 mil. ZH — O senhor avalia como um bom resultado? Mendes — Direcionamos nosso trabalho para essa linha: abordar, prender e apreender. Estamos procurando fazer a nossa parte. ZH — Os oficiais deveriam estar mais na rua, mais presentes nas ações? Mendes — O oficial tem de estar próximo dos problemas, o oficial pela capacidade intelectual, pela formação, pode ajudar mais. E é o que eu procuro fazer para minimizar o risco e fortalecer a imagem da Brigada Militar. retirado da ZERO HORA

Nenhum comentário:

Postar um comentário