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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Governo da Bahia diz que greve da PM deve ser encerrada ainda hoje

Após oito de dias de caos e insegurança nas ruas da capital baiana e da região metropolitana de Salvador, a greve da Polícia Militar da Bahia pode chegar ao fim ainda nesta terça-feira. A informação foi dada pelo governador Jaques Wagner em entrevista à TV Bahia no início da tarde. O governo do estado está otimista depois de apresentar propostas ‘consistentes’ em uma nova rodada de negociações para que haja uma solução ao impasse.

"Meu esforço está sendo muito grande, com propostas consistentes para que a gente possa terminar esse movimento ainda hoje", disse ao noticiário local.

A primeira rodada de negociação foi inciada na segunda-feira às 16h e terminou somente às 2h da madrugada desta terça-feira. O porta-voz da arquidiocese, padre Manoel Ribeiro, explicou que o propósito da rodada que começou hoje é conhecer a posição das associações com relação à contraproposta feita pelo governo baiano. O padre, no entanto, não revelou detalhes sobre essa proposta em encontro na residência episcopal. A reunião é intermediada pelo arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, que desde segunda colabora com o diálogo entre grevistas e governo.

Participam do encontro na tarde de hoje o secretário estadual da Casa Civil, Rui Costa; o secretário de Administração do estado, Manoel Vitório; o comandante-geral da PM, coronel Valter Medeiros; o procurador-geral do estado, Rui Moraes; e representantes das associações, com exceção da Associação dos Policiais, Bombeiros e Damiliares (Aspra), que encabeça a ocupação no prédio da Assembleia Legislativa.

Os manifestantes, no entanto, resistem em aceitar a proposta de reajuste salarial de 6,5% em 2012, retroativo a janeiro, para os policiais militares, “como prova de que está disposto a negociar as reivindicações econômicas da categoria”. Mas, à TV Globo, o presidente da Associação de Policiais, Bombeiros e de seus familiares (Aspra), o soldado Marco Prisco, reclamou da oferta:

"6,5% não é proposta", disse Prisco, um dos 11 grevistas que estão com mandados de prisão expedidos pela Justiça.

Além do reajuste, o movimento negocia a anistia ao grevistas, ponto de impasse na negociação. Mais cedo, em entrevista à Rádio CBN, Jaques Wagner afirmou que este não é o caso na situação:

"Não tenho interesse em perseguir ninguém. Mas aqueles que cometeram crimes de vandalismo, e atacaram um ônibus escolar, por exemplo, serão punidos. São coisas diferentes: protestar é uma coisa, fazer vandalismo é outra", declarou.

Mas na negociação, os policiais também terão que ceder, já que Jaques Wagner diz que não há espaço fiscal para suprir todas as demandas:

"Nós, ao longo de cinco anos, concedemos 30% de aumento real. E eu tenho limite na folha. As negociações são em torno desse valor, da chamada GAP 4 e eventualmente até da GAP 5, mas evidentemente isso terá que ser partilhado ao longo de 2013, 2014 e até 2015. Se for para pagar alguma coisa imediatamente agora, não há menor espaço, porque não tenho espaço fiscal para fazê-lo", afirmou.

O governador também foi perguntado se considera que a greve é legítima:

- Cada um tem sua opinião, eu não sou obrigado a ter a mesma opinião do ex-presidente ou do meu partido.

Mesmo com os grevistas desobedecendo às determinações, o governador declarou que o fato de uma negociação ter durado tanto tempo é um “ótimo sinal”.

"Quando as coisas não andam, as negociações se interrompem rapidamente", disse, em entrevista ao “Bom Dia Brasil”, da TV Globo.

"A extensão da reunião é um sinal de que estamos no caminho de encontrar uma saída negociada", acrescentou.

Ele aproveitou para fazer um apelo e pedir para que os profissionais de segurança não deixem a população desamparada. Os grevistas passaram a madrugada na Assembleia Legislativa da Bahia e não obedeceram à determinação de sair do prédio.

Na noite de segunda-feira, oito menores deixaram a Assembleia junto com familiares, após decisão judicial assinada pelo juiz Adenilson Barbosa dos Santos, da Justiça estadual, que determinou a retirada das crianças do local. Ainda assim, muitas crianças ainda continuam ao lado dos policiais. O Ministério Público e deputados estaduais acusaram o comando de greve de usar os filhos dos militares (cerca de 150 estão lá dentro, segundo os líderes do movimento) para deter o avanço das tropas do Exército.

Manifestantes cantam parabéns para comandante da operação

O comandante da operação na Bahia, general Gonçalves Dias, foi cercado por manifestantes que cantaram “parabéns para você”, já que nesta terça-feira ele faz aniversário. Os grevistas também entregaram um bolo ao comandante.

"Independentemente do que a política decidir, militar não pode contra militar. 10 a 15% de aumento não vale sangue. A tropa que comando está muito bem preparada porque subiu várias vezes o Morro do Alemão. Eu estou aqui com você sem usar colete à prova de balas".

Ele disse que seu "presente é comandar essa missão e criar novos amigos".

O tenente-coronel Márcio Cunha nega que as Tropas Federais pretendem invadir a Assembleia.

"É meramente boato. Nossa estratégia é manter a comunicação e tentar vencer pelo cansaço", explica.

Comida e remédio são liberados

Os policiais militares grevistas conseguiram em negociação na madrugada a liberação da entrada de pão, água, medicamentos e material de higiene na Assembleia Legislativa, onde eles estão acampados desde o início do movimento no dia 31 de janeiro. Os produtos foram entregues nesta manhã. De acordo com o tenente-coronel Mário Cunha, porta-voz da 6ª Região do Exército, os grevistas argumentaram que ainda há crianças no acampamento e que elas precisavam se alimentar e fazer a higiene.

Os funcionários dos órgãos instalados no Centro Administrativo da Bahia (CAB) tiveram o acesso liberado nesta terça. É possível transitar pela região de carro ou a pé. Para isso, eles precisam apresentar crachá ou outra identificação funcional.

Comércio em Periperi abre após ameaça

Depois de receber ameaças para não abrir as portas nesta terça, a maioria dos comerciantes de Periperi, subúrbio ferroviário de Salvador, abriu suas lojas, mas com apenas uma porta. A feira do bairro funciona normalmente e as ruas estão movimentadas. Soldados das Forças Armadas foram enviados ao local para garantir a segurança.

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